segunda-feira, 23 de novembro de 2009

TUDO SOBRE A VIDA DE Juan Carlos Ramírez Abadía



Juan Carlos Ramírez Abadía, vulgo "Chupeta", (Palmira, 16 de fevereiro de 1963) é um traficante de drogas colombiano.

Considerado pelo FBI como o segundo homem mais perigoso do mundo depois de Osama Bin Laden, é acusado de mais de trezentos assassinatos na América Latina e mais de quinze nos Estados Unidos.

Ramírez está envolvido com tráfico de entorpecentes desde 1986, e é líder do importante cartel de drogas do Valle del Norte na Colômbia. Foi preso em março de 1996 e cumpriu quatro anos e três meses por enviar 30 toneladas de cocaína aos Estados Unidos.

Conforme o governo dos Estados Unidos, o traficante movimentou mais de um bilhão de dólares em dez anos com o envio de, pelo menos, mil toneladas de cocaína para o mercado norte-americano.[1]


Captura e recompensa

No dia 7 de agosto de 2007, em operação sob o comando da Polícia Federal (PF), intitulada "Operação Farrapos", Ramírez foi preso na Grande São Paulo, num condomínio fechado em Aldeia da Serra. Em sua casa foram apreendidas uma coleção de relógios de grife e significativa quantia de dinheiro. Ramírez era procurado pela Drug Enforcement Administration (DEA), agência estadunidense de controle de tráfico e lavagem de dinheiro.

O governo estadunidense oferecia a recompensa de cinco milhões de dólares (cerca de 9,7 milhões de reais) pela captura do traficante. A direção da PF afirmou, porém, não querer o prêmio. O argumento foi de que o combate ao narcotráfico e à lavagem de dinheiro é uma atribuição constitucional da Polícia Federal, e não pode, portanto, estar atrelada a interesses financeiros[2]

O bilionário traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadia, o “Chupeta”, preso no Brasil, usava submarinos de 20 metros de comprimento para levar cocaína para os Estados Unidos. Pelo menos 10 embarcações envolvidas no tráfico já foram apreendidas. Além disso, a quadrilha montada pelo colombiano tinha a intenção de criar empresa de táxi aéreo no Aeroporto do Campo de Marte, na zona norte de São Paulo. O objetivo era facilitar o transporte de valores e de integrantes do grupo, evitando, assim, a fiscalização nos vôos de carreira. O aeroporto foi escolhido por ser pequeno e não ter controle rígido como em Congonhas e Cumbica.

Em 13 de março de 2008, o Supremo Tribunal Federal brasileiro concedeu a extradição de Abadía para os Estados Unidos[3], onde ele responde a 15 processos. O próprio traficante pediu para ser enviado aos Estados Unidos. Finalmente, em 22 de agosto de 2008, o traficante foi deportado. Foi entregue ainda pela manhã, às autoridades americanas do FBI na cidade de Manaus-AM, de onde partiu rumo aos EUA

[editar] Julgamento

No dia 1° de abril de 2008 foi condenado a 30 anos, 5 meses e 14 dias de prisão. Abadia, foi acusado por formação de quadrilha, por fugir da polícia americana, por lavar dinheiro com o dinheiro do tráfico e por falsidade ideológica.[4]

[editar] Leilão

Em 2008, todos os seus bens disponíveis no Brasil foram leiloados, inclusive carros, jóias, roupas, perfumes e cuecas.

[editar] Ver também


A nova geração do tráfico

Chupeta, o traficante colombiano preso no Brasil, tem o perfil típico dos chefões do século XXI: sofisticados nos métodos e na manipulação das leis dos países onde operam

MARIANA SANCHES E ANA PAULA GALLI



O DISSIMUlADO
Juan Carlos Ramírez Abadía, o Chupeta, no momento da prisão (foto maior) e seus vários disfarces. Apesar das cirurgias plásticas, ele mantinha o bigode

O morador da casa número 71 da Alameda Dourado, num condomínio de luxo em Aldeia da Serra, na Grande São Paulo, poderia ser confundido com um executivo estrangeiro. Aos 44 anos, o homem de sotaque castelhano vivia com a mulher em uma propriedade avaliada em R$ 1,5 milhão. Levava uma vida luxuosa, ainda que discreta. Pouco saía, não recebia amigos nem dava festas. Preferia se exercitar na academia de ginástica completa que havia montado em casa. Televisores de plasma, dois deles com 72 polegadas, equipavam sete cômodos. Quando caminhava ou passeava de bicicleta, era sempre de boné e óculos escuros. Ele se apresentava como Marcelo Javier Unzue, nome que consta de um passaporte emitido na Argentina em 2005. Na manhã da terça-feira 7, esse homem recluso foi preso pela Polícia Federal. Depois de passar por várias cirurgias plásticas, guardava poucas semelhanças com um dos traficantes mais procurados do mundo, o colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, o Chupeta (“Pirulito”, na Colômbia). Mas era o próprio.

Mais que um poderoso traficante de drogas, Ramírez é um símbolo da nova geração de criminosos: os que descobriram como manter seus negócios altamente rentáveis sem ter de lidar com o trabalho sujo e sem chamar a atenção da polícia. “Ele ficava longe da droga e vivia como milionário no Brasil, apenas lavando dinheiro”, diz Fernando Francischini, o delegado da Polícia Federal que coordenou as investigações. Quando revistaram a casa do colombiano, os policiais encontraram 150 telefones celulares, 56 relógios de grife e o equivalente a R$ 1,5 milhão em dinheiro, sendo a maior parte em dólares e euros. Não havia nenhuma arma e nada de droga. O Departamento de Estado americano oferecia um prêmio de US$ 5 milhões por sua cabeça. A Polícia Federal brasileira anunciou que não quer a recompensa. Chupeta é um dos chefes do cartel do Norte del Valle, na Colômbia. O grupo é considerado o maior fornecedor de cocaína e heroína para os Estados Unidos. Estima-se que tenha enviado mais de 1.000 toneladas de cocaína para lá nos últimos dez anos. No cartel, Chupeta é um dos quatro cabeças – e o segundo a ser preso. Antes dele, Luis Hernando Gómez Bustamante, o Rasguño (“Arranhão”), fora capturado em Cuba, em julho de 2004. Nos últimos anos, outros chefões do tráfico de drogas foram presos fora da Colômbia: um no Equador, um no Panamá, um na Espanha e um no México.

O fato de terem sido presos fora de seu país revela duas características do narcotráfico atual. Uma é a internacionalização. Segundo especialistas, o setor que mais lucra com as drogas é o que faz o transporte internacional da mercadoria. Para ser eficiente, o transporte exige tecnologia avançada, sobretudo na área de telecomunicações. Para Giovanni Quaglia, representante regional do Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crimes para o Brasil e Cone Sul, os traficantes de hoje aprenderam com os erros de seus antecessores e mudaram a forma de agir. “É outra geração, muito mais sofisticada. Eles usam a metodologia mais moderna tanto para movimentar e lavar o dinheiro quanto para facilitar o funcionamento da organização.” Compare-se Chupeta com Pablo Escobar, que se tornou símbolo da criminalidade na Colômbia nos anos 80. De classe baixa, Escobar não tinha estudo. Chupeta tem curso superior, é formado em Economia – e muito mais precavido. Isso leva a outra característica da nova geração de traficantes: conhecer as brechas jurídicas de cada país e se mover de acordo com as vantagens que podem obter em cada um deles. “Os traficantes procuram se abrigar onde não tenham cometido crimes e não sejam conhecidos”, afirma Quaglia.

Educado e profissional, Chupeta gerenciava seu negócio como um empresário do mundo globalizado

O Brasil é um país de importância secundária no tráfico. Tanto no consumo quanto na distribuição de cocaína, a participação brasileira é mínima se comparada à da Europa e dos Estados Unidos. A maioria da cocaína produzida na Colômbia é escoada pelo México e pelo Caribe. O Brasil é usado como rota para traficar para a Europa, mas não é o caminho preferido dos criminosos. Então, por que Chupeta morava em São Paulo? Provavelmente porque, aqui, é certo que ele não cumprirá prisão perpétua, mesmo depois de condenado nos EUA, onde é acusado de narcotráfico e de 15 homicídios. “Por causa de uma jurisprudência do STF, o governo brasileiro está impedido juridicamente de extraditar qualquer criminoso para um país em que ele seja condenado à pena de morte ou à prisão perpétua”, diz Márcio Garcia, professor de Direito Internacional da Universidade de Brasília. Ele só poderá ser extraditado se a Justiça americana reduzir a pena para, no máximo, 30 anos.

A detenção de Chupeta, na semana passada, se baseou em crimes cometidos por ele no Brasil, como lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Antes disso, a agência antidrogas americana já havia protocolado no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, um pedido de prisão do colombiano. O ministro Eros Grau é o responsável pelo processo, mas não chegou a expedir a ordem de prisão. Ele falou a ÉPOCA sobre os detalhes do trâmite. “Se o traficante estiver sendo processado no Brasil, ele só será extraditado depois de cumprir a pena aqui. Essa é a lei, não há negociação.” O processo pode levar de três meses a dois anos para ser julgado, e ainda depende de sanção presidencial.

A investigação que levou à captura de Chupeta começou em 2005, quando um pequeno avião caiu perto de Curitiba. Ao vasculhar o local do acidente, a polícia encontrou uma quantidade suspeita de dinheiro. O aparelho, segundo os policiais, era pilotado pelo gaúcho André Barcellos. Em 2004, Barcellos teria ajudado Chupeta a entrar no Brasil. O colombiano chegou de navio e desembarcou no Ceará, onde teria pegado um avião para Barretos, no interior paulista. Carregava US$ 4 milhões em dinheiro, o que garantiu conforto durante a permanência no Brasil. Foi por meio da ligação do traficante com o piloto Barcellos que os agentes federais descobriram o paradeiro de Chupeta. A PF estabeleceu a rota do dinheiro e das drogas da quadrilha. Com a ajuda do Banco Central, foi possível rastrear US$ 54 milhões movimentados pelo cartel por meio de “laranjas”. A lavagem de dinheiro, e não o narcotráfico, levou a polícia à casa do colombiano. Na semana passada, enquanto o traficante era preso em São Paulo, a Polícia Federal deteve outras 12 pessoas, entre elas Barcellos.

LUXO E BOM GOSTO
No interior da casa, avaliada em R$ 1,5 milhão, o traficante tinha móveis de designers, TVs de 72 polegadas e uma academia de ginástica

O dinheiro da venda de drogas na Europa e nos EUA era remetido do México e da Espanha para o Banco de la República, no Uruguai. Ali, de acordo com as investigações, três integrantes da quadrilha presos na operação, duas mulheres e o piloto Barcellos, lavavam o dinheiro e o enviavam ao Brasil para que fosse investido em imóveis, empresas e itens de luxo como obras de arte, carros e barcos. O dinheiro entrava no Brasil por meio de importações e exportações feitas pelas empresas de Chupeta – lojas de carros e de jet-skis. s Durante a investigação, os policiais federais enviaram e receberam informações da Agência Antidrogas Americana (DEA) e das polícias argentina, espanhola, uruguaia e mexicana. Na semana passada, os federais tiveram a informação de que Chupeta pretendia se mudar para o Uruguai. Ao saber que a polícia havia descoberto seu paradeiro, o traficante espalhou a notícia de que havia morrido, para despistar as investigações até que pudesse fugir. Sua morte chegou a ser noticiada na Colômbia.

Chupeta nasceu em uma família de classe média na cidade de Palmira. Talentoso tratador de cavalos, caiu nas graças do chefão Iván Urdinola, que o empregou para cuidar de seus puros-sangues. Começou assim sua ascensão na hierarquia do tráfico. Em 1996, Chupeta se entregou ao governo da Colômbia, onde foi condenado a 24 anos de prisão por traficar 30 toneladas de cocaína para os EUA. Depois de delatar comparsas, a pena foi reduzida para sete anos. Mesmo suspeito de ter encomendado a execução de 300 pessoas, ele jamais foi condenado pelos assassinatos. O traficante ainda teria matado duas pessoas: um agente da DEA que investigava o cartel e o irmão de um rival traficante, Luis Alfonso Patiño.

Do Brasil, Chupeta comandava o tráfico em uma espécie de cárcere de luxo. “Ele tinha toda uma estrutura para viver dentro de casa, sempre em condomínios fechados de pessoas abastadas”, afirma o delegado Fernando Francischini. Para se manter incógnito, usava cada celular apenas uma vez – o que explica os 150 aparelhos encontrados em sua casa. Além da propriedade em São Paulo, o traficante é dono de imóveis em Curitiba, Porto Alegre, Angra dos Reis e Florianópolis. Tem duas fazendas, uma em Minas Gerais e outra no Rio Grande do Sul. Rodava com quatro carros blindados e mantinha em Angra um iate de 52 pés, que teria usado apenas uma vez para pescar. Sua fortuna é estimada em US$ 1,8 bilhão.

As semelhanças entre o traficante colombiano e um executivo bem-sucedido não se limitam à aparência nem aos hábitos de consumo. Ele gerenciava seu negócio como um empresário do mundo globalizado. Em entrevista à emissora W Radio Colombia, o advogado Gustavo Salazar, que trabalhou para Chupeta até 1999, destacou algumas das características de seu antigo cliente. “Ramírez Abadía é uma pessoa de eminente perfil executivo. O que me chamou sempre a atenção nele foi a decência, o cavalheirismo e o extraordinário profissionalismo.” Nada que lembre os traficantes do passado.

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