Veja os depoimentos das mães dos bebês
Dois médicos obstetras do Hospital Moacyr Rodrigues do Carmo que participaram dos partos durante os quais três bebês ficaram com o braço esquerdo torto foram indiciados por lesão corporal culposa (sem intenção). A pena prevista para o crime é de dois meses a um ano de prisão. Segundo o delegado Antônio Silvino, titular da 59ª DP (Centro de Caxias), foram indiciados os médicos Carlos Alberto Azeredo Areia e Maria Francisca Torraco Ciminelli. O hospital é administrado pela Prefeitura de Duque de Caxias.
Carlos Alberto fez o parto de Kesia Aparecida Brito, que deu à luz Lucas Gabriel no dia 29 de maio. Já Maria Francisca participou de dois partos. O primeiro foi de Elisângela de Holanda Gomes, que teve Carlos Antônio em 15 de junho. Quatro dias depois, a mesma médica conduziu o parto de Roberta da Silva Martins, que ganhou Julya Beatriz.
Em depoimento à polícia, os médicos disseram que agiram tecnicamente de maneira correta, e que a lesão nos braços dos bebês é uma fatalidade, mas é “normal” acontecer em partos normais com bebês grandes.
— Ora, se as ultrassonografias mostravam que as crianças não tinham problema no braço, a lesão só pode ter sido congênita, isto é, durante o nascimento. Para isso acontecer, houve no mínimo uma inobservância das normas técnicas por parte dos médicos. Como são os obstetras quem chefiam a equipe durante o parto, eles foram indiciados pela lesão corporal nos bebês — explicou o delegado.
O médico que fez o parto de Clemilda de Oliveira Ribeiro, que teve Miriam no dia 6 de maio, ainda não foi identificado. De acordo com o delegado, o hospital não forneceu os prontuários dos bebês, apesar das solicitações da polícia.
— O hospital não auxiliou em nada. Conseguimos identificar os outros obstetras e intimá-los a depor por meio das nossas investigações. Assim que identificarmos o obstetra que fez o parto de Clemilda, ele também será ouvido e possivelmente indiciado — disse Silvino.
Os inquéritos 889, 890 e 903, que já foram concluídos, foram encaminhados ao Ministério Público, que vai decidir se oferece denúncia à Justiça contra os médicos indiciados. A assessoria do MP informou que os promotores ainda não analisaram o conteúdo dos inquéritos.
Prefeitura se defende das acusações
Em relação às afirmações do delegado Antônio Silvino de que o hospital não forneceu os prontuários dos bebês, a Prefeitura de Caxias informou, em nota, que a Secretaria municipal de Saúde “não foi solicitada pela 59 DP a prestar qualquer tipo de informação sobre o caso. Informações e documentos poderão ser fornecidos pela secretaria para os inquéritos policiais assim que a solicitação for feita por escrito pela 59 DP”.
Em nota enviada ao EXTRA no dia 3 de agosto, a prefeitura informou que seria aberto um inquérito administrativo para apurar os fatos em 30 dias. A mesma nota dizia que “apenas o filho de Clemilda de Oliveira Ribeiro apresentou uma distorcia de ombro. (...) Não há indicação de anormalidades nos exames feitos nos outros bebês após o parto”. Perguntada pelo EXTRA na semana passada qual foi o resultado do inquérito administrativo, a prefeitura informou que os resultados das investigações “só serão apresentados em juízo”.
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