terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Dois médicos de hospital de Caxias são indiciados por lesão corporal

Veja os depoimentos das mães dos bebês



Dois médicos obstetras do Hospital Moacyr Rodrigues do Carmo que participaram dos partos durante os quais três bebês ficaram com o braço esquerdo torto foram indiciados por lesão corporal culposa (sem intenção). A pena prevista para o crime é de dois meses a um ano de prisão. Segundo o delegado Antônio Silvino, titular da 59ª DP (Centro de Caxias), foram indiciados os médicos Carlos Alberto Azeredo Areia e Maria Francisca Torraco Ciminelli. O hospital é administrado pela Prefeitura de Duque de Caxias.

Carlos Alberto fez o parto de Kesia Aparecida Brito, que deu à luz Lucas Gabriel no dia 29 de maio. Já Maria Francisca participou de dois partos. O primeiro foi de Elisângela de Holanda Gomes, que teve Carlos Antônio em 15 de junho. Quatro dias depois, a mesma médica conduziu o parto de Roberta da Silva Martins, que ganhou Julya Beatriz.

Em depoimento à polícia, os médicos disseram que agiram tecnicamente de maneira correta, e que a lesão nos braços dos bebês é uma fatalidade, mas é “normal” acontecer em partos normais com bebês grandes.

— Ora, se as ultrassonografias mostravam que as crianças não tinham problema no braço, a lesão só pode ter sido congênita, isto é, durante o nascimento. Para isso acontecer, houve no mínimo uma inobservância das normas técnicas por parte dos médicos. Como são os obstetras quem chefiam a equipe durante o parto, eles foram indiciados pela lesão corporal nos bebês — explicou o delegado.

O médico que fez o parto de Clemilda de Oliveira Ribeiro, que teve Miriam no dia 6 de maio, ainda não foi identificado. De acordo com o delegado, o hospital não forneceu os prontuários dos bebês, apesar das solicitações da polícia.

— O hospital não auxiliou em nada. Conseguimos identificar os outros obstetras e intimá-los a depor por meio das nossas investigações. Assim que identificarmos o obstetra que fez o parto de Clemilda, ele também será ouvido e possivelmente indiciado — disse Silvino.

Os inquéritos 889, 890 e 903, que já foram concluídos, foram encaminhados ao Ministério Público, que vai decidir se oferece denúncia à Justiça contra os médicos indiciados. A assessoria do MP informou que os promotores ainda não analisaram o conteúdo dos inquéritos.

Prefeitura se defende das acusações

Em relação às afirmações do delegado Antônio Silvino de que o hospital não forneceu os prontuários dos bebês, a Prefeitura de Caxias informou, em nota, que a Secretaria municipal de Saúde “não foi solicitada pela 59 DP a prestar qualquer tipo de informação sobre o caso. Informações e documentos poderão ser fornecidos pela secretaria para os inquéritos policiais assim que a solicitação for feita por escrito pela 59 DP”.

Em nota enviada ao EXTRA no dia 3 de agosto, a prefeitura informou que seria aberto um inquérito administrativo para apurar os fatos em 30 dias. A mesma nota dizia que “apenas o filho de Clemilda de Oliveira Ribeiro apresentou uma distorcia de ombro. (...) Não há indicação de anormalidades nos exames feitos nos outros bebês após o parto”. Perguntada pelo EXTRA na semana passada qual foi o resultado do inquérito administrativo, a prefeitura informou que os resultados das investigações “só serão apresentados em juízo”.

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