quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

América Latina Herdeiros do 'Clarín' fazem exame de DNA para determinar pais biológicos

Os dois filhos adotivos da diretora e dona do jornal Clarín, Ernestina Herrera de Noble, realizaram nesta terça-feira exames de sangue para definir se são filhos ou não de desaparecidos políticos durante a ditadura militar argentina (1976-1983).

"Hoje é um dia muito importante porque o exame pode ser feito onde a Justiça determinou, no Corpo Médico Forense, que é ligado ao sistema Judicial do país", disse o advogado Jorge Anzorreguy, que defende Marcela e Felipe, ambos com 33 anos.

Segundo seu representante, Marcela e Felipe se apresentaram "espontaneamente" à Justiça em 2003, depois de terem sido informados de que poderiam ser filhos de desaparecidos políticos.

Em 2004, um juiz de primeira instância determinou que o exame de DNA fosse realizado no Corpo Médico Forense, mas desde então surgiu uma disputa judicial sobre o local da extração de sangue.

Disputa

O grupo argentino de defesa dos direitos humanos Avós da Praça de Maio deseja que os exames de DNA sejam comparados com os de várias famílias que buscam netos que poderiam ser Marcela e Felipe.

Já os irmãos requisitaram que a comparação seja feita apenas com duas famílias.

O advogado das Avós da Praça de Maio, Mariano Gaitán, afirmou à BBC Brasil que a medida seria "ilegal" porque "desrespeita" uma lei aprovada em novembro passado.

O advogado afirma que a nova lei determina que os exames devem ser feitos no Banco Nacional de DNA e comparados com "todas as 200 famílias" que buscam seus parentes "sequestrados", e não "com famílias específicas". Gaitán diz que estuda pedir à Justiça a anulação do exame.

A expectativa é de que o resultado saia em entre 15 e 45 dias.

Histórico

A entidade Avós da Praça de Maio localizou até hoje cem jovens que recuperaram suas identidades após exames de DNA e passaram a saber que são filhos de desaparecidos políticos.

Em muitos casos, eles nasceram no cativeiro da mãe e foram entregues, ainda bebês, com nomes trocados, pelos militares a outras famílias.

As Avós estimam que pelo menos outros 400 jovens, agora com mais de 30 anos, ainda estejam na mesma situação.

Em novembro, o Congresso Nacional aprovou projeto de lei do governo da presidente Cristina Kirchner que autoriza a Justiça a determinar a recuperação compulsiva de amostras biológicas para determinar a identidade de supostos filhos de desaparecidos políticos.

A medida gerou polêmicas no país e levou a oposição a afirmar que o alvo eram os filhos adotivos de De Noble, em um momento de fortes diferenças do governo com a imprensa local, especialmente com o grupo Clarín.

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