terça-feira, 29 de dezembro de 2009

EUA saem em busca de mais segurança nos ares

Washington, 29 dez (EFE).- O Governo dos Estados Unidos se prepara para deixar seu sistema de segurança do transporte aéreo ainda mais rigoroso, correndo o risco de tornar os embarques mais desconfortáveis, aumentar os custos das companhias e enfrentar as reclamações dos grupos de defesa dos direitos civis.

Um dos elementos centrais da nova estratégia de segurança é a instalação nos aeroportos de máquinas capazes de "escanear" o corpo dos viajantes por completo, uma iniciativa que partiu do Governo após os atentados de 11 de setembro de 2001, mas que foi freada pela oposição dos ativistas.

Para Jay Stanley, membro da União Americana de Liberdades Civis, as imagens possibilitadas por estas máquinas, capazes de ver por baixo da roupa, representam uma clara invasão de privacidade e não devem ser utilizadas de forma generalizada.

Segundo o Centro para a Legislação sobre o Terrorismo, com sede no estado da Califórnia (oeste), o Governo deve concentrar sua luta contra o terrorismo na prevenção e não em localizar bombas em aeroportos.

Hoje em dia, existem apenas 40 equipamentos de escaneamento nos aeroportos americanos, um número pequeno para os mais de 2.200 pontos de embarque que possuem.

Segundo a imprensa americana, os atuais planos do Governo são de instalar 150 máquinas adicionais em 2010 e adquirir outras 300.

De acordo com especialistas, este tipo de máquina poderia ter detectado os explosivos que estavam costurados à roupa do nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, acusado de tentar explodir no último dia 25 um avião que chegava a Detroit vindo de Amsterdã com 278 passageiros a bordo.

"É a única máquina capaz de detectar a bomba usada na tentativa de atentado do dia de Natal", disse Michael Chertoff, secretário de Segurança Nacional durante a Presidência de George W. Bush.

Ontem, o presidente americano, Barack Obama, ordenou uma revisão geral dos sistemas de segurança do transporte aéreo, incluindo "todas as políticas, tecnologias e procedimentos de segurança" disponíveis.

As medidas de segurança nos aeroportos americanos já foram intensificadas em todo o país, o que levou os passageiros a passarem por minuciosas revistas corporais e de bagagens de mão.

Os aeroportos se encheram de cachorros policiais especializados em detectar explosivos, assim como de agentes armados que embarcam nos voos à paisana.

Além disso, as forças de segurança destacaram especialistas em terrorismo para os aeroportos com o objetivo de monitorar os movimentos de possíveis suspeitos.

O transporte aéreo americano vive um novo avanço de rigor na segurança em um sistema que foi remodelado após os atentados de 11 de setembro de 2001 com um investimento de US$ 40 bilhões.

Nestes oito anos, os aeroportos ganharam 45 mil funcionários para controlar detectores de metais, e foram instaladas 1.600 máquinas de ressonância magnética para revistar malas.

Em 2004, a Agência de Segurança no Transporte (TSA, na sigla em inglês) apostou na instalação de uma nova geração de máquinas para detectar explosivos ao preço de US$ 160 mil cada.

Segundo o jornal "The New York Times", foram compradas mais de 200 máquinas, mas os equipamentos eram sensíveis demais para o ambiente dos aeroportos e caíram em desuso ou estragaram.

Com o debate da segurança em destaque, alguns legisladores americanos denunciaram que a TSA ficou sem um responsável durante oito meses, e que quando Obama propôs um candidato, Erroll Southers, sua nomeação foi impedida pelos republicanos.

Em paralelo, os investigadores continuam buscando no passado do jovem Abdulmutallab uma chance de decifrar o que o fez abandonar sua vida confortável e abraçar o extremismo terrorista.

O jornal "The Washington Post" teve acesso a um pacote de mais de 300 postagens na internet que o nigeriano escreveu nos últimos anos e que revelam uma personalidade solitária, sem amigos e com tendência depressiva.

"Não tenho com quem falar", diz uma mensagem postada na internet em janeiro de 2005, quando Abdulmutallab estudava em uma escola britânica no Togo, no oeste da África.

"Não tenho a quem pedir conselhos, ninguém que me apoie e me sinto deprimido e solitário. Não sei o que fazer, e penso que esta solidão me leva a outros problemas", disse então o nigeriano.

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