domingo, 17 de janeiro de 2010

Chefe da ONU viaja ao Haiti e diz que tremor virou grave crise humanitária

Scraps

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, viajou neste domingo ao Haiti para discutir como coordenar os esforços humanitários internacionais no país após o terremoto de magnitude 7 de terça-feira (12) que devastou ao menos quatro cidades e deixou milhares de mortos. Antes de embarcar, Ban afirmou que a tragédia se transformou em uma das "crises humanitárias mais graves em décadas".
"Vou ao Haiti com o coração entristecido para expressar a solidariedade e o total apoio da ONU ao povo haitiano", declarou aos jornalistas, ainda em Nova York, antes de embarcar rumo ao aeroporto de Porto Príncipe. 
Segundo Ban, as prioridades da ONU são salvar a maior quantidade possível de pessoas, levar urgentemente ajuda humanitária --água, alimentos e os medicamentos necessários-- e coordenar a ajuda estrangeira que chega em toneladas ao país, e acaba presa no aeroporto pela falta de infraestrutura para distribuição.

"Não devemos desperdiçar nenhum dólar de ajuda", disse Ban, acrescentando que, atualmente, a ONU alimenta 40 mil pessoas e que deseja aumentar este número para 2 milhões em apenas um mês.
O secretário-geral disse ainda que se prepara "para o pior" diante de mais de 330 funcionários da organização que continuam desaparecidos, cinco dias após o tremor.
"Esta é a mais grave e maior perda em um único dia na história de nossa organização", disse Ban, que anunciou anteriormente a morte de 37 funcionários.
Vítimas
A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou em comunicado divulgado citado pela agência de notícias France Presse mais cedo que o terremoto deixou entre 40 mil e 50 mil mortos. O número está abaixo das previsões das autoridades haitianas, que falam em até 200 mil mortos na tragédia.
Ainda não há um dado preciso sobre o número de mortos, enquanto as imagens de televisão mostram corpos visíveis sob os escombros e outros mal cobertos nas calçadas. Muitos haitianos empilham os corpos em grandes cruzamentos, na esperança de atrair a atenção das equipes para que sejam recolhidos. Outros queimam em fogueiras, na tentativa de evitar epidemias. O cheiro, afirmam jornalistas enviados à cidade, beira o insuportável.
A Cruz Vermelha estima um número muito semelhante ao da OMS --entre 45 mil e 50 mil mortos. O governo do Haiti afirmou, contudo, estimar em até 200 mil o total de vítimas.
Em um número mais palpável, o primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, declarou neste sábado que mais de 25 mil corpos de vítimas já foram enterrados. "Vinte mil corpos foram oficialmente retirados pelo Estado, sem contar aqueles retirados pela Minustah [missão de paz da ONU no Haiti], pelas ONGs e pelos voluntários, que somam por volta de 5.000 a 6.000", declarou.
Caos
Marco Dormino/AP
Soldados bolivianos da missão da ONU entregam comida a haitianos 
afetados pelo terremoto que matou milhares
Soldados bolivianos da missão da ONU entregam comida a haitianos afetados pelo terremoto que matou milhares em Porto Príncipe
A falta de um número preciso indica a situação de caos e devastação deixada no Haiti pelo terremoto. Uma situação que afeta também os esforços das equipes de ajuda humanitária enviadas por diversos países para tentar levar aos desabrigados suprimentos e mantimentos que chegam em toneladas ao aeroporto de Porto Príncipe.
O mundo respondeu com um esforço em massa para ajudar os haitianos e aviões carregados de suprimentos e equipes de resgate chegam em intervalos de minutos no aeroporto danificado de Porto Príncipe. Mas, na cidade em que o presidente governa de uma delegacia, sem casa ou sede de governo, os haitianos simplesmente não têm infraestrutura para usar da melhor maneira esta ajuda.
O aeroporto não tem torre de controle, o porto está tão destruído que não pode receber barcos, as estradas estão bloqueadas por destroços e haitianos que temem ficar sob um telhado que pode vir abaixo e, mesmo para quem consegue passar, não há combustível.
Muitos haitianos, principalmente aqueles em áreas de colinas, de mais difícil acesso, ainda não viram a ajuda humanitária chegar. O desespero por água potável e comida é notável e os relatos de saques e de violência aumentam, principalmente à noite.
Brasileiros
O terremoto aconteceu às 16h53 desta terça-feira (19h53 no horário de Brasília) e teve epicentro a 15 quilômetros de Porto Príncipe, a capital do país.
Segundo o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, 17 brasileiros morreram no país --14 militares e mais três civis, entre eles a médica Zilda Arns e o chefe-adjunto civil da missão da ONU no Haiti, Luiz Carlos da Costa. O corpo de Costa foi encontrado neste sábado.
Mais 16 militares brasileiros ficaram feridos no terremoto. Eles chegaram ao Brasil nesta sexta-feira, e desde então estão internados no Hospital Geral do Exército, em São Paulo, para um período de quarentena.

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