sábado, 16 de janeiro de 2010

Entrega de alimentos por helicóptero causa tumulto em Porto Príncipe


Houve muito tumulto durante a entrega de kits alimentares por parte dos Estados Unidos a partir de um helicóptero, neste sábado, em Porto Príncipe. Conforme relato de um jornalista da agência de notícias France Presse, quando o helicóptero baixava em direção ao bairro de Delmas, onde cerca de 2.000 haitianos estão acampados desde o tremor de terça-feira (12), "centenas de crianças e jovens começaram a correr pelas ruas".
Um soldado que estava no helicóptero lançou algumas caixas pequenas, cada uma com uma dúzia de kits alimentares, sobre o teto de um edifício parcialmente desmoronado. "Centenas de pessoas correram para as caixas, em um tumulto indescritível", afirma a France Presse.
Ontem, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, já havia dito que os americanos não estavam conseguindo pousar os helicópteros antes de distribuir a comida porque os haitianos ocupavam os espaços antes que a aeronave tocasse o solo. O Departamento de Estado dos EUA, quando questionado sobre a possibilidade de enviar as ajudas com paraquedas, afirmou que isso seria "ainda mais perigoso".
O bairro onde o tumulto aconteceu, Delmas, é um dos mais afetados pelo forte terremoto, de magnitude 7, conforme a medição do Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês), que deixou a capital haitiana virtualmente devastada.
Somente neste sábado, os EUA levaram ao Haiti cerca de 600 mil kits alimentares --pacotes com ração para um dia com 2.300 calorias--; e aparelhos purificadores de água que podem produzir cerca de 300 mil litros de água potável por dia.
Mais cedo, a porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) da ONU, Elisabeth Byrs, disse que a tragédia no Haiti é "histórica". "Nunca antes na história das Nações Unidas nós enfrentamos um desastre deste tamanho. Não é comparável a nenhum outro", completou.

Federico Gambarini/Efe
Resgatistas da Holanda procuram sobreviventes entre os escombros, 
em Porto Príncipe; capital foi devastada
Resgatistas da Holanda procuram sobreviventes entre os escombros, em Porto Príncipe; capital foi devastada
Outras cidades
Enquanto ajuda humanitária de vários países inundam a capital, outras partes, onde também houve danos, estão esquecidas. Na cidade de Leogane, moradores organizaram um protesto para chamar atenção. À margem da principal rodovia da cidade foram abertas valas comuns, e uma terceira já está sendo preparada.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), além de Porto Príncipe e Leogane, as cidades de Gressier e de Carrefour também foram devastadas --nesta última, a destruição chega a 90%.
Mortes
Ainda não há um dado preciso sobre o número de mortos no terremoto. A Organização Pan-Americana de Saúde, ligada à ONU, diz que pode ter morrido cerca de 100 mil pessoas. Já o Cruz Vermelha estima o número de mortos entre 45 mil e 50 mil. Ontem, o governo do Haiti afirmou estimar em 140 mil o total de vítimas.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, elevou na sexta-feira para 17 o número de brasileiros mortos no país. Destes, 14 eram militares que integravam a missão de paz da ONU no país, a Minustah, e mais três civis, entre eles a médica Zilda Arns e o chefe-adjunto civil da missão, Luiz Carlos da Costa.

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