quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Questões culturais dificultam sepultamentos no Haiti, diz Defesa

Missão brasileira adotou medidas para ajudar em resgates.
Corpos de brasileiros estão em câmara fria do batalhão brasileiro.

O ministério da Defesa informou nesta quinta-feira (14) que está adotando medidas para ajudar no resgate e atendimento médico das vítimas do terremoto de 7 graus da escala Richter na noite da terça-feira (12). Segundo relatos dos assessores do ministério, há dificuldade de enterrar os corpos das vítimas fatais por falta de espaço e por questões culturais.

Segundo o relato, muitos haitianos são seguidores da religião Vodu e não permitem que os corpos de seus parentes e amigos sejam tocados enquanto não forem concluídos os rituais espirituais.


Há também grande preocupação com a existência de cadáveres abandonados nas ruas, o que pode provocar epidemias. Algumas pessoas estão sepultando seus mortos em encostas, com risco de exposição dos cadáveres nas chuvas.

Segundo o ministério, as autoridades brasileiras irão propor ao governo haitiano que indique uma área para instalação de um cemitério, para que os engenheiros brasileiros ajudem nos sepultamentos. O ministro Nelson Jobim se reunirá nesta quinta-feira com o presidente haitiano, René Préval.

No caso dos seguidores da religião Vodu, a missão brasileira está propondo que os engenheiros construam as covas e ofereçam aos familiares para que eles façam o sepultamento dentro de suas tradições.

Segundo o ministério, os brasileiros mortos estão em uma câmara frigorífica do Brabatt (Batalhão Brasileiro no Haiti). A Organização das Nações Unidas (ONU) cuida dos procedimentos burocráticos necessários para o traslado destes corpos ao Brasil. O procedimento é necessário para evitar que haja atrasos na tramitação dos processos de indenização às famílias.

Escombros

O ministério da Defesa informou ainda que o batalhão de engenharia do Exército deve receber reforço de 15 engenheiros e equipamentos pesados de uma construtora brasileira que realiza obras no Haiti.


Essas equipes trabalham na remoção de escombros de prédios destruídos para liberar o trânsito e resgatar corpos e feridos ainda vivos. A obstrução das ruas no primeiro dia impediu o deslocamento de máquinas para os pontos de maior gravidade, onde o socorro só podia ser feito por civis e militares que chegavam a pé. Também serão enviados 50 bombeiros brasileiros, com cães farejadores, segundo nota emitida pela Defesa.

O ministério disse ainda que há falta de água e comida para a população. O Brasil está enviando ajuda ao Haiti e outros países prometem o mesmo. A pasta da Defesa ressalta, no entanto, que é necessário montar uma estrutura de armazenamento e distribuição dos alimentos. Ainda nesta quinta-feira (14), o Brabatt deverá concluir levantamento de áreas para armazenamento e de pontos de distribuição de suprimentos nas comunidades. 

Segurança

O ministério da Defesa disse também que a missão brasileira irá reforçar o esquema de segurança dos comboios de ajuda humanitária e de distribuição de alimentos e de ajuda médica. A avaliação é que, com o agravamento da situação, a população desesperada possa saquear os comboios e invadir os hospitais de campanha, o que paralisaria o trabalho de socorro. Mesmo antes do terremoto, já fazia parte da rotina dos militares fortalecer a segurança das equipes que distribuíam comida e brinquedos nos eventos em Porto Príncipe.


Atendimento médico

Segundo a nota divulgada pelo Ministério da Defesa, há um colapso nos serviços de saúde, já que os hospitais também desmoronaram. Em frente do batalhão brasileiro há um acampamento de pessoas que buscam socorro.

Diante das limitações, os militares brasileiros socorreram as que apresentam maior gravidade e montaram um hospital de emergência sob a cobertura de uma garagem. Num cenário de guerra, segundo a descrição dos assessores do ministério que estão no Haiti, iluminado por holofotes de emergência, cerca de 70 pessoas são atendidas dia e noite por médicos militares. Algumas estão mutiladas. O governo planeja o envio de hospitais de campanha da Aeronáutica e da Marinha para auxiliar neste trabalho.

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