terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Mãe que ajudou filha a cometer suicídio é julgada na Inglaterra

Uma britânica que ajudou sua filha a cometer suicídio em dezembro de 2008 está sendo julgada na Inglaterra.
Bridget Kathleen Gilderdale, mãe de Lynn Gilderdale, confessou ter aplicado morfina e outros medicamentos para ajudar sua filha de 31 anos a se matar. Porém, ela negou a acusação de tentativa de assassinato pela qual é processada.
Lynn sofria desde os 14 anos de esclerose múltipla e não conseguia mais sair da cama, nem alimentar-se sozinha. Por isso, desejava o suicídio desde 2005.
Suicídio assistido
No tribunal foi revelado que, no mesmo de dezembro, em 2008, Lynn tinha tentado o suicídio injetando em si mesma uma dose extra de morfina, mas não morreu.
Ela pediu, então, ajuda à sua mãe, que tentou, por cerca de uma hora, dissuadir a filha de tirar sua própria vida. Ao perceber que ela estava determinada, Bridget decidiu ajudá-la.
Primeiramente, a mãe entregou mais duas seringas de morfina para que a filha aplicasse em si mesma. Também não foi suficiente.
Bridget então administrou em Lynn pelo tubo de alimentação uma série de comprimidos antidepressivos e soníferos esmagados.
Bridget Gilderdale (PA)
Bridget Gilderdale passou 30 horas assistindo a filha no suicídio
A mãe passou aquela madrugada toda e o dia seguinte inteiro ao lado da filha tentando auxiliá-lo no suicídio.
Na madrugada do dia seguinte, quando Lynn ainda respirava, Bridget aplicou mais algumas doses de morfina e três seringas de ar em suas veias.
Desesperada por ver que a filha continuava viva, ela ligou para uma organização de defesa e de apoio ao suicídio assistido. Seguindo orientação da entidade, a mãe deu mais oito comprimidos para a filha.
Às 7h10 da manhã do dia 4 de dezembro, Lynn Gilderdale finalmente morreu.
O julgamento
Bridget Gilderdale não foi acusada de homicídio porque os exames toxicológicos não conseguiram definir se Lynn morreu por causa da autoaplicação de morfina ou por causa dos remédios administrados posteriormente por sua mãe.
A promotoria declarou não haver dúvidas de que Gilderdale era “uma mãe amorosa, zelosa e extremamente devotada”.
No entanto, a promotora Sally Howes disse ao júri: “Não é sua tarefa julgar os motivos ou a moral, ou escolher com quem se simpatizam. Sua obrigação é decidir se as ações de Gilderdale fugiram do que a lei permite”.
O julgamento prossegue.
A doença
Lynn foi diagnosticada com esclerose múltipla, uma doença neurológica crônica e degenerativa, quando tinha 14 anos de idade.
Os sintomas apareceram depois que ela recebeu uma dose da vacina BCG, aplicada para prevenir tuberculose. Quatro meses depois, ela perdeu o movimento abaixo da linha da cintura.
Com o tempo, a menina perdeu a capacidade de alimentar-se sozinha e de sair da cama. Lynn passou a se comunicar por sinais e a receber doses diárias de 100mg de morfina.
O médico da família, Jane Woodgate, disse que sua paciente desejava o suicídio desde 2005, quando um procedimento cirúrgico quase a matou.

Em um testamento, em que pedia para não mais ser ressuscitada, ela declarou: “Eu quero que entendam que eu temo muito mais a degeneração e a indignidade do que a morte”.

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